“Não tem coração que esqueça”

Um grande encontro entre o cantor Geraldo Azevedo e os amantes da música popular marcou a noite de sexta-feira, 1° de dezembro, em Viçosa. Natural de Petrolina – PE, o músico autodidata reuniu os maiores sucessos da carreira num show acústico produzido pelo Galpão e Cerimonial Parthenon.

O público de aproximadamente 600 pessoas acompanhou todas as músicas e ficou admirado com a performance do cantor ao apresentar um solo da música Bicho de sete cabeças. Geraldo retribuiu com aplausos o coro da platéia durante a execução da música Dia branco. “Foi a coisa mais maravilhosa”, diz Raquel Lara que esperava maior tempo de show apesar de afirmar que foi completo.

Momentos antes de subir ao palco Geraldo Azevedo concedeu entrevista exclusiva ao Estúdio ao Vivo em que falou um pouco sobre os novos projetos para a carreira.

Tom Hertz · O que preparou para o show de hoje?
Geraldo Azevedo ·

Vai ser uma apresentação de voz e violão, informal, sem roteiro pré-definido. Aqui em minas o pessoal é muito musical, conhece meu trabalho e participa muito. Eu sempre procuro cantar algumas canções novas e sucessos que normalmente as pessoas conhecem que são a base do show. Até as que são pedidas na hora porque como existe essa informalidade do voz e violão, fica uma coisa mais intimista. Eu tenho certeza que vai rolar o maior astral porque minhas canções fazem celebrar a vida.

Tom Hertz · Vocês (Alceu Valença, Elba e Zé Ramalho) pretendem continuar com o projeto O Grande Encontro que teve sucesso de venda e de público?
Geraldo Azevedo · Esse projeto foi inusitado, surpreendeu a gente pelo volume de sucesso e de vendas. Na verdade, quando a gente reuniu nem imaginava a repercussão do evento. A gente nem pensava em fazer disco, nao planejo nada, só pensou em cantar junto e, de fato, foi um projeto de sucesso e qualquer hora que seja feito vai ter uma repercussão boa. Esse ano, Alceu, Elba e eu, tentamos fazer pelos 10 anos de Grande Encontro, com a intenção de fazer um DVD com os quatro. Mas, não é fácil manter esse projeto porque nós temos a carreira bem definida cada um. Para gente parar e se organizar tem que ser com muita antecedência pra combinar as agendas. Mas, acho que é um projeto que, só pelo fato de a gente saber que faz sucesso, compensa fazer. Eu tenho certeza de que todos vão conceder uma hora pra gente fazer um outro momento e registrar de novo porque realmente o Grande Encontro se faz no palco e na platéia. porque junta o público com nós quatro juntos. A gente atravessou gerações com nossas canções, então é um encontro de gerações também.




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TH · Você acha que a música regional está valorizada?
GA ·Eu não acho, a mídia não dá o destaque devido. Na verdade, a mídia não tem dado destaque pra cultura do Brasil. A cultura do Brasil é muito renegada. As coisas que vem à tona são as coisas de consumismo com muita influência dessa coisa global. A cultura brasileira é a cultura mais rica do mundo, de uma diversidade fantástica e infelizmente a imprensa nao tem conseguido alcançar em termos de difusão. Eu tenho achado que o jornalismo busca muito mais o sensacionalismo ou então se resguarda muito mais nas desgraças do que nas coisas boas. Eu fico pensando que tem que mudar isso. Valorizar a dignidade humana, o ser humano, a cultura do povo. Eu acho que o brasil é tão rico que se colocar na mídia, na imprensa, os eventos pro povo conceber, o mundo vai ficar feliz.

TH · Está preparando algum trabalho novo?
GA ·Eu estou compondo sempre. Ia lançar um disco nesse final de ano. Estou com o disco prontinho mas realmente ficou bem no final do ano quando concluí as gravações e a mixagem. Daí eu achei que ficava muito aperreado, já que sou artista independente no meio dessa coisa que a mídia valoriza, os grandes estilos das gravadoras multinacionais. Então, eu preferi, com tranqüilidade lançar em janeiro um disco novo, só com canções inéditas, que se chama “O Brasil existe em mim”. São canções novas com meus parceiros e elas constatam um pouco dessa diversidade do Brasil, da riqueza musical. (No CD) Tem muitos ritmos diferentes, tem xote, baião, côco, maracatu, tem varios tipos de música que refletem nossa cultura. É claro que a gente tambem absorve o que vem de fora, porque ninguem é de ferro no mundo global e eu acho importante isso, essa soma de influências na cultura do Brasil.

TH · Como você vê a influência da música nordestina agregada ao Brasil inteiro?
GA · É inevitável você falar do Brasil culturalmente sem mencionar o Nordeste que é muito forte. Quando a gente fala da identidade cultural do Brasil, o Nordeste tem uma saliência, talvez pelo fato de ter recebido muita influencia da África, Holanda, vários países que foram trazendo influência. E também a música primitiva do índios. A força que o Nordeste tem das manifestaçoes culturais, musicais…eu acho que onde mais ser reúne folclore é no Nordeste e Minas Gerais. Acho que são os dois pontos importantes da cultura folclórica e raízes do Brasil. A gente começou um projeto no inicio da década de 70 e sentia uma certa resistência mas, essa resistência foi vencida pela própria necessidade de conceder essa riqueza pro Brasil. Tanto que, antigamente, fora do Brasil, era samba, Bossa Nova, hoje já existem outras manifestações como o xote, o forró, o maracatu…até o rock brasileiro tem sua propria caracteristica.

confira Geraldo Azevedo tocando Táxi Lunar