Férias

O Blog Estúdio ao Vivo encerra mais um ano de atividades e aproveitamos para agradecer todos que participaram conosco dessa maravilhosa jornada pelo mundo da música. Em breve divulgaremos nossa programação de férias. Aguardem!

Feliz 2008 para todos, muita paz e saúde.

Abraços,

Equipe Estúdio ao Vivo

E o Natal da cidade de Vitória da Conquista (Ba) também é pra “embolá”. Com investigações profundas de ritmos, batuques e danças típicas do Nordeste, o percussionista Sérgio Cassiano trouxe à cidade o repertório do disco Ciência da Festa.

Baião, Xote, Samba de roda, Coco e técnica perfeita de percussão fazem o show solo do artista que integrou o grupo Mestre Ambrósio. Acompanhado pelos músicos Pepê (violão, viola, cavaco e voz), Toinho (baixo) e Gilsinho (zabumba), Sérgio desafia o público a aproximar-se do palco e lançar a energia em passos de dança. Com os integrantes da banda, a disputa é quase um desafio de Repente, em que a linguagem são as notas ditadas pelos instrumentos.

O show gratuito como programação do Natal da Cidade trouxe à praça Barão do Rio Branco o ritmo do sotaque pernambucano, além de homenagem ao rei do Baião Luiz Gonzaga.

São 20 anos de estrada que se refletem no palco: da simpatia à animação, da poesia à leveza: um show breve, mas libertador.

Uma pequena pausa para as comemorações do Natal.

O Estúdio ao Vivo continua, ainda essa semana, a falar sobre a magia de um Coral. Não Perca!

Origem

O coro é o agente musical mais antigo. Há registros de que já era praticado no Egito e na Mesopotâmia em épocas remotas, sempre com conotação religiosa. Na Grécia antiga também há registros, mas não era ligado à religião e sim a festas populares. O canto coral com seu formato atual – com quatro vozes – foi estabelecido ainda no século XIII, na Escola Parisiense de Notre-Dame.

A música sacra teve como pilar o canto gregoriano – canto com uma melodia constante e um conjunto de vozes que acompanhava, com o Papa Gregório I, que foi utilizada em conjunto com a liturgia católica. Lutero, que era músico, após lançar as 95 teses da Reforma Protestante introduziu o canto coral nos cultos, propagando melodias populares e o canto gregoriano adaptado ao idioma alemão.

Com o passar do tempo, a prática coral começou a se afastar da religião, tanto católica quanto protestante, se aproximando mais do profano. Surgiram então as primeiras escolas de canto, desligadas do Clero. Assim como nas outras expressões de arte, como a pintura e a escultura, existiam também as pessoas que patrocinavam esses artistas. Além das igrejas, os famosos mecenas, contribuíam para que os grupos corais mantivessem suas atividades.

O auge dos coros foi na era Barroca, cujo principal nome fora o alemão Johann Sebastian Bach, que fazia algumas cantatas e paixões para os cultos luteranos. Apesar da influência de Bach, o canto coral se afastou de vez do seu caráter secular (ligado à Igreja) e passou a ser cada vez mais profano. As escolas de canto se multiplicavam pela Europa e o canto coral passa a ser matéria obrigatória em algumas escolas no Velho Continente a partir do século XIX.


Quem nunca ouviu na véspera de Natal a música Então é Natal, imortalizada na voz de Simone, que atire a primeira lembrancinha. A composição de Cláudio Rabello é uma versão de Happy Christmas lançada em 1971 por John Lenon.

Gravada pela primeira vez pela cantora baiana no disco apenas com músicas de natal 25 de dezembro [data também do aniversário de Simone], a canção vem acompanhada de Natal Branco, Bate o Sino, Pensamentos, O Velhinho, Jesus Cristo, Que Maravilha Viver, Natal das Crianças, Boas Festas, Noite Feliz e Ave Maria.

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é Natal, pro enfermo e pro são.
Pro rico e pro pobre, num só coração.
Então bom Natal, pro branco e pro negro.
Amarelo e vermelho, pra paz afinal.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez.
E Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, o amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Harehama, Há quem ama.
Harehama, ha…
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa…

O Sobre o Som da semana aproveita o hit de Simone e o José de Drummond como inspiração para a poesia de natal.

Então é Natal, José. E agora?
O presente comprou,
a comida cozinhou,
a família convidou,
de agradecer esqueceu,
de fartura esbanjou,
se embebedou.

Então é Natal, José. E o que você fez?
A festa acabou,
o sino tocou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
o coral calou,
abraçou os amigos,
a noite esfriou.

Então é Natal, José! E agora?
Se você orasse,
se você doasse,
se você assistisse
a quem está abandonado,
se você sorrisse,
se você amasse,
se boa-ação fizesse…
Mas você não é solidário,
você é frio, José!
Mais até que a noite fria.

Então bom Natal.
Pra quem José?
Só pra você?
Só pra mim?
Olhe pela janela, José.
Também bom Natal pra quem ali está?
Olhe pela janela José,
Há muito mais que luzes piscando.
Papai Noel tem alzheimer,
mas não se esqueceu de você.
Só de você, José!
Você tem alzheimer, José?
Então porque se esqueceu de quem ali está?
Bem ali, José.
Olhe pela janela.

The One Horse Open Sleigh (algo como O Cavalo Puxador de Trenós), esse era o nome original de uma das músicas mais cantadas e repetidas a cada natal: Jingle Bells, tema do nosso Flashback de hoje.A canção foi feita por James Lord Pierpont, em 1857, para ser tocada no feriado de Ação de Graças da igreja – em Savannah, estado da Geórgia, Estados Unidos – onde ele era o organista. O sucesso da música, principalmente entre as crianças, foi tanto que ela seria repetida novamente no natal. A cantiga de natal teve seu nome alterado para Jingle Bells, dois anos depois, por escolha do público.

Pierpont era, além de organista, o diretor do coral da igreja da cidade. Filho de um abolicionista fervoroso, o Reverendo John Pierpont, foi voluntário na Guerra Civil americana e casado com a filha do prefeito de Savannah. Recebeu diversas homenagens póstumas por sua obra, incluindo uma placa na igreja onde executou a música pela primeira vez e a inserção de seu nome no Songwriters Hall Of Fame (Hall da Fama dos Compositores).

A partir daí a popularização foi grande. A música ultrapassou as fronteiras da cidade onde James havia composto a música, ganhou o resto do país e, posteriormente, o mundo inteiro. A canção foi traduzida para vários idiomas e, até 1954 estava entre as 25 músicas mais gravadas da história. Depois de conquistar o mundo, Jingle Bells foi a primeira canção transmitida via satélite, em 16 de dezembro de 1965.

Existem algumas paródias da música de James Pierpont. Jingle Bell Rock, de Bobby Helms, fez enorme sucesso num estilo rock n’ roll. Em regravações recentes, alcançou a primeira posição da Bilboard em 2005, com a cantora Kimberley Locke na categoria Música Adulta Contemporânea.

Trechos da canção são citados em outras músicas, como: Santa Claus is Coming To Town, de Bruce Springsteen e Christmas’ Song, do lendário Nat King Cole. Outra peculiaridade da música é que, nas versões em francês e alemão, ela faz menções às festas do inverno, não somente ao natal, como acontece nas outras traduções.

Transcendendo eras, Jingle Bells soa como um hino de natal para pessoas ao redor de todo mundo. Ainda encanta e traz um pouco da magia dessa data.

O Natal está chegando e o Estúdio – ainda – não tira férias. Vamos desvendar os segredos de um Coral. Sim, esses que aparecem em maior número para as festas de agora, mas que trabalham muito, sem descansar vozes, durante todo o ano.

Você vai conhecer a estrutura de um Coral e a experiência de regentes, sopranos, contraltos, tenores… Então, soltemos as vozes!

Uma Bahia de talentoA Bahia tropicalista estava em efervescência cultural no final da década de 60. A música do estado sofreu uma revolução jamais vista antes.

Genética privilegiada?

Em Santo Amaro, em pleno período de guerra, nasceram dois irmãos que mudariam de vez a história daquela cidadezinha. Em 1943 nasceu o quinto filho de Seu Zezinho e dona Canô: Caetano. Um garoto que cresceu ouvindo as canções que faziam sucesso na época. Por influência de uma música de Capiba, imortalizada por Nelson Rodrigues, ele escolheu o nome de sua irmã mais nova: Maria Bethânia.

A menina começou cedo na música. Já em 1965 era apontada como uma das melhores cantoras do país, após substituir a consagrada Nara Leão em um espetáculo. O garoto não ficou atrás e logo também apareceu, com ajuda da irmã, que bancou o início da sua trajetória.

Amigos, amigos: um capítulo a parte.

O primeiro LP de Caetano foi um dueto com uma outra baiana: Gal Costa. Intitulado Domingo o disco foi bem aceito e alavancou a carreira de ambos. Gal lançaria, dois anos depois, seu primeiro disco solo.

Parceiro de Caetano Veloso, Gilberto Gil também chegou ao cenário musical sob influência direta de Bethânia. Os grandes amigos formaram uma das mais respeitáveis parcerias musicais da nossa música. Caetano seria citado pelo The New York Times como um dos maiores compositores do século XX, no fim da década de 90. Gil e Veloso foram presos pela ditadura militar e se exilaram em Londres e Paris, ainda na nos anos 60, retornando alguns anos depois.

Ao lado de Bethânia, Veloso, Gil e Gal, um outro amigo em comum, com idéias revolucionárias e som um tanto quanto experimental, surgiria para mostrar ao que veio. Tom Zé, nascido em Irará, no sertão da Bahia, não alcançou o mesmo sucesso dos amigos, mas ganhou bastante espaço após David Byrne, antigo vocalista da legendária banda Talking Heads, descobrir e lançar seus discos nos Estados Unidos e Europa.

Outro nome que não pode ser esquecido é o de José Carlos Capinam, considerado um dos maiores letristas da década de 60. Compositor de músicas que fizeram amplo sucesso como Ponteio e Soy Loco por Ti América.

O comum entre eles

Os irmãos da família Veloso, Gil e Tom Zé começaram a vida artística em espetáculos amadores em Salvador como Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova e Nós Por Exemplo. Já com a participação de Gal Costa e Capinam, além de vários outros musicos e artistas do Brasil, criaram o movimento chamado de Tropicalia.

Todos eles eram assíduos participantes dos festivais de música brasileira na década de 60, conseguindo alguns êxitos e algumas vaias – casos de Gil e Caetano no Festival de 1967, quando foram copiosamente vaiados pelo público quando começaram a tocar, para serem, logo em seguida, aplaudidos de pé ao final de suas apresentações. Capinam, ao lado de Edu Lobo, foi vencedor desse mesmo festival com a música Ponteio. Tom Zé venceria a competição um ano depois com a música São, São Paulo Meu Amor.

O que ainda havia de novo

Influenciados pelos nomes emergentes da cena brasileira, surge o grupo Novos Baianos, sob a batuta de Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e da carioca Baby Consuelo. Pouco tempo depois incorporaram a banda A Cor do Som, que contava com a presença de Pepeu Gomes (guitarra), seu irmão Jorginho (bateria), Dadi (baixo), Baixinho e Bolacha (percussão), como elementos oficiais do grupo.

Com a entrada definitiva do A Cor do Som foi possivel misturar ritmos tipicamente nordestinos (frevo, afroxé, entre outros) ao rock, utilizando ainda pitadas de elementos eletrônicos existentes na época. O grupo lançou seu ultimo trabalho em 1997, após um hiato de 19 anos. De lá pra cá, nada mais foi lançado.

A Bahia, que é de todos os santos, é também de todos os ritmos e possibilidades. Um lugar onde toda mistura pode dar certo e nenhuma será desprezada. Onde a música não é só letra e melodia, mas sim um estado de espírito.


A origem do forró – enquanto palavra e manifestação cultural – é controversa. Há os que dizem ser derivado do For All (Para Todos), frase escrita nas portas de bailes em Pernambuco; há os adeptos da versão do estudioso Luís da Câmara Cascudo, de que o forrobodó africano (festa, bagunça) seja a verdadeira origem.

Discordâncias à parte, o certo é que o Nordeste carrega a raiz do ritmo que tomou conta do Brasil principalmente com Luiz Gonzaga. Nascido em 1912, Gonzagão ou Velho Lua foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1941. A partir daí, os grandes centros conheceram a mais tradicional música nordestina.

O gingado
São muitas as variações do ritmo do forró e todas elas são reinventadas a cada novo grupo musical. As danças são semelhantes e na ginga há um pouco da cultura de cada região.

Baião
O mais tradicional é ditado com sanfona, triângulo e zabumba. Gonzagão e Dominguinhos que o digam. As origens do baião estão no lundu, gênero que mistura elementos africanos e europeus. Em roda, os participantes se desafiavam para dançar, com sapateados e movimentos do ventre.

Foi com Luiz Gonzaga que o baião se tornou popular. No sudeste, sofreu influências do samba e nos anos 70 foi resgatado pela sonoridade do movimento da Tropicália.

Hoje, o baião de Fortaleza incorpora guitarras, bateria e mantém a sensualidade original da dança.

Xote
Vindo da Europa, o xote “saiu” dos salões e misturou-se aos ritmos populares rurais. Os escravos observavam os bailes, decoravam as coreografias e adaptavam ao melhor estilo gingado, cheio de voltas e rodas. O famoso “dois pra lá, dois pra cá” é a marcação dessa dança. Rápida nos bailes; lenta nas festas juninas.

Xaxado
Do sertão de Pernambuco, apenas os homens dançavam o xaxado. A voz fazia o acompanhamento, com letra satírica e ritmo acelerado. Lampião e seus companheiros tornaram a coreografia popular: são gestos que simulam batalhas, sempre com o arrastar da chinela no chão.

Coco
O canto do coco é característico: os participantes formam filas ou rodas e sapateam, respondem o coro e batem palmas ou tocam ganzá (um tipo de chocalho) marcando o ritmo. O cantador pode improvisar os cantos ou declamar versos já conhecidos, que são “respondidos” pelos outros participantes da dança.

Eles poderiam estar na sessão Novas Bandas não só por estrearem em 2001, como também pelo fato de terem nascido na década de 80. Os garotos do Mombojó conseguem uma levada “fácil de ouvir, cool” com uma mistura de instrumentos e influências bem distintos. Com Felipe S [vocal], Chiquinho [teclado e sampler], Marcelo Campello [violão, cavaquinho e escaleta], Marcelo Machado [guitarra], Samuel [baixo] e Vicente Machado [bateria], a banda adota um estilo mangue beat que escorrega no rock-pop, bossa, samba, surf music… agregados a eletro-efeitos sonoros que a diferem do popzinho tradicional.

Nativo da capital pernambucana, Mombojó gravou Nadadenovo em 2004. A produção independente foi possível através de recursos do Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Recife e teve importância significativa para conseguir maior amplitude ao grupo que já havia conquistado preferências diante de públicos em apresentações e festivais de Pernanbuco. A boa pedida Nadadenovo ainda contou com o bônus de ser encartada na 4ª edição da revista OutraCoisa

[que divulga artistas e bandas independentes].

Reflexo de uma maturidade conquistada em pouco tempo de estrada, Mombojó lançou em 2006 Homem-espuma, pela gravadora Trama. Invadidos com a tendência retrô, influênciada talvez pelo projeto paralelo Del Rey [que mantêm com participação do vocalista China e um repertório cover de Roberto Carlos], as canções continuam com fortes efeitos de sonorização que conseguem mesclar uma música à outra.

Depois da turnê pelo Brasil passando durante todo o ano por Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e do Norte, Pará, Paraná, Ceará e Distrito Federal a banda voltou para Pernambuco onde pretende começar a produção do próximo cd anunciado para o final de 2008.

Adepto de formas alternativas de divulgação pela internet,
o site oficial do Mombojó

disponibiliza as músicas para download, obedecendo a licença Creative Commons.