No Ar: Musical Box [12] – Os acordes instáveis de Jethro Tull

Uma banda instável de tão versátil: “This Was”, lançado em 1968, refletia no título que o blues rock do início da carreira era pouco para o som de Jethro Tull. O que os integrantes Ian Anderson (vocais, flauta), Mick Abrahams (guitarra), Glenn Cornick (baixo) e Clive Bunker (bateria) demonstravam em palcos de clubes britânicos incluía a integração de elementos da música clássica, folk, jazz e celta.

O dinamismo não agradou Abrahams, que preferia a melancolia do blues, enquanto Anderson apostava em algo que não fosse “estilisticamente limitado e de vocabulário restrito aos ingleses de ‘classe média’”.

“Stand Up” (1969) e “Benefit” (1970) não contavam mais com o guitarrista e dariam continuidade à biografia ditada pelos nomes dos álbuns – o rock progressivo foi o estilo de boas vindas aos anos 70 e o grupo não ficou atrás de Elton John, Rolling Stones ou Led Zeppelin (com quem alimentavam uma rivalidade só amenizada pelo interesse mútuo em folk e música oriental), nas lendárias apresentações ao vivo.

De folk a rock eletrônico, passando pela premiação Grammy de “Performance de Rock Pesado/Metal”, a essência de Tull não foi apagada em mais de 40 anos de música. Vigor, surrealismo e crítica apurada de álbuns como “Aqualung”, “Thick as a Brick” e “Living in the Past” permanecem nas concepções criativas recheadas de sonoridade medieval, vocal marcante e arranjos complexos com uso de flauta, acordeon, mandolin, marimba e outros instrumentos raros.

No Ar: Musical Box
Como uma linha tênue que separa o rock setentista, de nomes como Jimi Hendrix e Rory Gallagher, das grandes óperas-rock, de bandas como The Who e Pink Floyd, o Programa Musical Box desta quinta apresenta em seu repertório parte das influências, dos grupos contemporâneos e do próprio Jethro Tull: a prévia da 16ª edição do Musical Box Alive é uma seleção das canções mais bem sucedidas da banda que ainda realiza mais de cem concertos por ano.

A energia de Renato Savassi (voz, violão, flauta, bandolim e gaita), Marcelo Cioglia (baixo e voz), André Godoy (bateria) – integrantes da banda mineira de rock progressivo Cálix – e Guilherme “Bicudo” Rancanti (violão e voz) – guitarrista da banda Raulzitles – assume o palco do Espaço Galpão neste sábado (19) sob o nome de Foxtrot (BH), num tributo a Jethro Tull.

Após a apresentação do grupo viçosense Coffe Shop (Red Hot Cover), a banda belorizontina mostra a qualidade harmônica vocal e o instrumental trabalhado sob as influências do blues, country, folk e rock de The Beatles, Creedence, America, Eric Clapton, Pink Floyd, Simon & Garfunkel, Cat Stevens, Queen, Crosby, Stills e Nash & Young.

Myspace
Foxtrot
http://www.myspace.com/bandafoxtrot

Coffee Shop
http://www.myspace.com/coffeeshopredhot

No Ar: Musical Box [8] · O elétrico Rory Gallagher

A sensibilidade do blues, o improviso do jazz e a agitação do rock acompanharam o irlandês Rory Gallagher desde os seus 18 anos, com a banda Taste, formada em 1965 e candidata a melhor power trio inglês. Ele já havia passado pelo grupo Fontana Show Band, mas foi em carreira solo – tocando principalmente com Gerry McAvoy (baixo) – que o guitarrista reconhecido pelas brilhantes performances afirmou seu estilo.

Além da lendária guitarra, os arranjos de violão e gaita o tornaram comparável a grandes nomes da música, como Eric Clapton e Jimi Hendrix.

Com dois discos lançados em 1971 – Rory Gallagher e Deuce -, Gallagher mostrou o modo visceral de tocar sua Fender Stratocaster sem pedais em gravações ao vivo. A sonoridade elétrica compensou a produção restrita, revelou a qualidade dos shows, inspirou o lançamento de Live In Europe, rendeu um disco de platina e o prêmio de músico do ano do jornal Melody Maker.

Foram 16 álbuns com diferentes formações, e que tinham como personagem principal o público. Nas palavras de Gallagher:

Eu amo tocar para o povo. O público significa muito para mim. Não é uma coisa vazia. Eu amo gravar também, mas preciso de um contato regular e frequente com o público, porque ele me dá energia

No Ar: Musical Box
Logo mais às 20h, o Programa Musical Box transmite pela Rádio Universitária 100,7 FM (e pelo site) a energia e o improviso de Rory Gallagher, músico que faleceu em 14 de junho de 1995 e deixou um importante legado para o Rock.

O blues de músicos como Paul Williams e o Progressivo de Gentle Giant, Kansas e Yes completam a programação desta quinta-feira e mantêm o público no clima do Próximo Musical Box Alive, dia 15 de maio, que tem como banda de abertura a viçosense O Quinto (completa a programação o grupo Raulzitles, de Belo Horizonte).

No Ar: Musical Box [3] · A sinfonia progressiva de Grobschnitt

Krautrock – Referência musical alemã
Psicodelia, progressivo, espacial, arritmia: a base do rock alemão de fins dos anos 60 era transpor o ouvinte para uma realidade diferente, ilimitada, surpreendente. Tudo isso, através de combinações da performance cênica, do pioneirismo eletrônico e das referências britânicas – como Pink Floyd (Syd Barrett), Yes, The Beatles e Genesis.

O som tornou-se uma vertente difundida por nomes como Kraftwerk e batizada de Krautrock*. A experimentação e valorização do ritmo eram as marcas dessa geração. Com originalidade e improviso, o rock underground era construído por músicas que, apesar da grande duração, não se perdiam em acordes e expressavam insatisfação com a realidade alemã.

*Curiosidade: o DJ inglês John Peel “cunhou” o termo Krautrock quando escutou o disco Psychedelic Underground (1969), da banda Amon Düül. Kraut era a forma como os ingleses referiam-se aos alemães nas Grandes Guerras.

Sinfonia – o corte brusco de Crew a Grobschnitt
Obras primas musicais e canções de mais de 10 minutos executadas com técnica requintada em apresentações teatrais. A presença marcante dos jovens alemães Joachim Ehrig (bateria), Stefan Danielak (guitarra base e vocal), e Gerd-Otto Kühn (guitarra solo) transformou o que foi a pequena banda Crew em uma das mais importantes representações do rock progressivo mundial: a banda Grobschnitt.

Com críticas sociais e políticas aliadas ao bom humor picante, o primeiro álbum do grupo foi lançado em 1972, apresentando o tecladista Hermann e o baixista Wolfgang Jager. Em 13 minutos e 44 segundos de acordes, a canção “Symphony” demonstra a personalidade de uma banda pronta para mostrar ao mundo o autêntico Krautrock.

A extrema sensibilidade em mesclar diversos estilos em uma só música, como progressivo, psicodelismo e blues, não foi suficiente para garantir o sucesso do álbum.

Foram dois anos de separação, até o retorno da banda aos estúdios, assumindo os apelidos Eroc (Joachim Ehrig), Wildschwein (Stefan Danielak), Lupo (Gerd-Otto Huhn), Mist (Volker Kerhs) e Pepe (Wolfgang Jager), e assinando o segundo trabalho “Ballerman”. Com longas faixas, grandes efeitos e a marcante “Solar Music”, o álbum foi o reinício de uma carreira de popularidade e prestígio.

Solar Music, executada ao vivo.

Dos 15 álbuns gravados entre 1972 e 1989 (incluindo apresentações ao vivo), o Rockpommel’s Land (1977) é considerado o mais importante. O disco, que traz um tema central representando a narrativa de um épico, vendeu cerca de 100 mil cópias.

No Ar: Musical Box
A sonoridade psicodélica de Grobschnitt será representada no especial Full Box desta quinta-feira no Programa Musical Box, com uma música do álbum Volle Molle. Gravado ao vivo em 1980, ele reflete a fase em que a banda assume um estilo mais popular.

Outros dois blocos do programa completam a playlist com Classic Rock, além do Rock’n Roll selecionado pelo convidado Gabriel Mendonça.

O Musical Box começa às 20h, pela Rádio Universitária 100,7 FM (Viçosa-MG). Acesse: http://rtv.ufv.br