De 2000 para cá, as produções de musicais têm sido feitas nos moldes de grandes filmes hollywoodianos. Resultado: premiações, destaque internacional e um questionamento: a era dos musicais da Broadway acabou?
É difícil classificar os filmes somente como Musicais. Drama e comédia sempre estão inseridos no roteiro. Dentre os últimos lançamentos do gênero (ou dessa mistura), Moulin Rouge – Amor em vermelho e Chicago são os mais conhecidos, mas não os únicos sucessos.
Topsy-Turvy – O Espetáculo (2000)
Elenco
Allan Corduner
Jim Broadbent
Direção
Mike Leigh
Produção
Simon
Georgina Lowe
Música
Carl Davis
O filme traz requintes de teatro. Indicado ao Oscar em 4 categorias (roteiro original, direção de arte, figurino e maquiagem) e vencedor em duas, nenhuma delas relacionada a música, desbancou Anna e o Rei e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça em melhor figurino, além de O Homem Bicentenário em melhor maquiagem.
Conta a história de Gilbert e Sullivan, uma dupla de compositores que passa por crise de produção. A solução vem dos elementos orientais: rompem com os tradicionais espetáculos que escreviam ao lançar a ópera The Mikado. A crítica: o diretor esquece da história e coloca música atrás de música. Mais técnica que emoção, mais efeito visual que enredo propriamente dito. E uma boa alternativa para quem tem curiosidade em saber um pouco sobre o teatro inglês do século XIX.
Moulin Rouge (2001)
Elenco
Ewan McGregor
Nicole Kidman
John Leguizamo
Direção
Baz Luhrmann
Roteiro
Baz Luhrmann e Craig Pearce
Música
Craig Armstrong e Marius De Vries
“The first real musical screen hit of the new century”. Assim os críticos defendem Moulin Rouge. Primeiro musical em 23 anos a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme, faturou Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte, além de Globos de Ouro em Filme Comédia/Musical, Atriz Comédia/Musical (Nicole Kidman) e Trilha Sonora e três BAFTA (premiação britânica) em Melhor Ator Coadjuvante (Jim Broadbent), Melhor Trilha Sonora e Melhor Som. Fora indicações a César, MTV Movie Awards… Foi um estrondo.
Ewan McGregor interpreta Christian, um escritor que muda-se para um bairro boêmio em Paris. O Moulin Rouge é o paraíso do local. Christian se apaixona por Satine (Nicole Kidman), a mais adorada cortesã da cidade e começa a escrever um espetáculo em que pode alimentar o amor proibido entre os dois. A seleção de músicas é o triunfo do filme. De David Bowie a U2, a perfeição na montagem das canções assusta, assim como o impacto visual. É uma superprodução que reinventou o jeito de se encarar os filmes do gênero.
8 Mile – Rua das Ilusões(2002)
Elenco
Eminem
Kim Basinger
Mekhi Phifer
Brittany Murphy
Evan Jones
Direção
Curtis Hanson
Roteiro
Scott Silver
Música
Eminem
Jeff Bass
Luis Resto
Xzibit
Finalmente um filme de essência musical ganha o Oscar de melhor música original. Lose Yourself, de Eminem. O cantor/compositor/rapper atua e mostra na pele de Jimmy ‘B-Rabbit’ um pouco da realidade que viveu até chegar ao sucesso. Conflitos na família e no bairro predominantemente negro marcam a vida do jovem músico. É uma injeção de moral e fala muito bem sobre o tabu do preconceito racial norte-americano.
O mérito é a fuga dos padrões de beleza e fotografia artificial ou teatral adotada pelos musicais. É um filme muito mais real do que as grandes produções que investem tanto em maquiagem e arte. 8 Mile mostra, através da música, muito mais emoção e coloca o espectador com os dois pés no chão.
Chicago (2002)
Elenco
Renée Zellweger
Catherine Zeta-Jonas
Richard Gere
Direção
Rob Marshall
Roteiro
Bill Condon
Música Original
Danny Elfman, Fred Ebb, John Kander, David Krane
Adaptado da peça de mesmo nome, Chicago não esconde a influência dos palcos. Baseado numa história real, o filme tem como cenário a Chicago dos anos 20. Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha em se tornar uma estrela de cabaré, assim como Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), a atriz que mais faz sucesso nos espetáculos da cidade. Roxie vai para a mesma prisão que Velma após cometer um assassinato. Ambas são defendidas pelo advogado Billy Flynn, numa interpretação formidável de Richard Gere. São 14 números musicais, com destaque para a ótima Cell Block Tango, em que as prisioneiras contam o porquê de estarem ali.
Oscar de melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Direção de Arte, Figurino, Edição e Efeitos Sonoros. Globo de Ouro de Melhor Filme – Musical ou Comédia, Ator – Musical ou Comédia (Richard Gere), Atriz – Musical ou Comédia (Renée Zellweger). Prêmio da Academia Britânica para Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones) e Melhores Efeitos Sonoros. Com essa coleção, Chicago mostrou a que veio.
Os mais recentes Camp, De-Lovely e Rent seguiram o roteiro de mistura entre comédia, drama e música. Talvez por isso não tiveram o mesmo destaque dos contemporâneos. Ainda assim, foram indicados aos principais prêmios do cinema.