Intensidade, Swing e Peso

Get On Top
A expectativa pelo cover da banda californiana The Red Hot Chili Peppers atraiu mais de 600 pessoas para o Espaço Galpão em Viçosa-MG no sábado 9 de abril. Ingressos esgotados e qualidade musical: desde as músicas ambiente, a segunda edição do Projeto Donaxica foi marcado pela intensidade.

Com um repertório mais voltado para o internacional, o grupo Yellow Cookie assumiu os primeiros acordes do evento, extravasando uma energia que aproximou e integrou o público ao clima Rock’n Roll. Márcio Duarte (bateria), Rafael Arruda (guitarra), Alexandre Costa (vocal) e Gabriel Arruda (baixo) abriram caminho para uma noite de expressividade e entrega mútua entre músicos e fãs de canções como Yellow (Coldplay), Stand by Me (John Lennon) e Elevation (U2).

Parallel Universe
A primeira música do show de Coffee Shop trazia o aviso:

We could make time
Rompin’ and a stompin’
‘Cause I’m in my prime.

Os versos de Around the World, entoados pela voz de Marcello Baia e a harmonia de Alisson Sanches (baixo), Pedro Ezequiel (bateria) e Paulo Bandeira (guitarra) transmitiram o swing e o peso de Red Hot Chili Peppers.

Do instrumental espontâneo – com “pegada, energia e groove” [Pedro Ezequiel] – ao vocal que muito se aproxima da performace do vocalista de Red Hot, Anthony Kiedis, o show do grupo viçosense demarcou três momentos e deixou registradas três reações: a expressão de surpresa e admiração pela qualidade do cover; a animação pelo funk rock da dobradinha baixo-guitarra e pela batida crua da bateria; e a decepção de quem esperava ainda mais do que as 20 músicas tocadas em cerca de duas horas de show.

O Set List mesclou canções mais populares como Califonication e Dani California, com as mais apreciadas por quem acompanha de perto a carreia de Red Hot, como Higher Ground e Superstition. Foi uma mostra da versatilidade de Coffee Shop, que registrou em palco a personalidade do rock setentista e do heavy metal.

Set List
1 – Around the World
2 – Get On Top
3 – Higher Ground
4 – Easily
5 – Otherside
6 – Aeroplane
7 – Californication
8 – I Like Dirt
9 – Knock me Down
10 – Parallel Universe
11 – The Power of Equility
12 – Coffee Shop
13 – Fire
14 – Superstition (cover Stevie Wonder)
15 – Under the Bridge
16 – Dani California
17 – By the Way
18 – Warped
19 – Suck my Kiss
20 – Give it Away

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Agradecemos à produção de Donaxica e aos integrantes das bandas Coffee Shop e Yellow Cookie.

Fotos: Lara Marx e Amanda Oliveira
Imagem de topo: Lara Marx

Snowblind: de fãs a ídolos

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Nove anos de história, reconhecimento e muita técnica instrumental e vocal: a banda Snowblind, de Belo Horizonte, se apresentou no último dia 17 de outubro em Viçosa, no espaço de shows Galpão, como parte do Projeto Donaxica.

André (guitarra), Breno (vocal e guitarra), Leo (voz e guitarra), Bernardo (baixo) e Lucas (bateria) mantêm um repertório que reúne o início, o lado B e a fase mais recente do grunge de Pearl Jam em cerca de 50 músicas.

De “Amigos do Pitbull” a Snowblind
Lucas – Eu e um outro amigo nosso, o Mingau, tínhamos vontade de montar uma banda e tocamos com o Leo. Acabou que essa banda não deu certo e, nesse meio tempo, eu conheci o André.

A banda que eu tocava com o Leo já estava acabando e ele falou: “Pô Lucão, tava querendo montar uma banda e tocar uns Pearl Jam”. Na época, eu tocava com outros caras também em outra banda e juntei com o André e o Leo e montamos a Snowblind.

Na verdade ela não chamava Snowblind, o que é bem engraçado porque ela chamava “Inimigos do Pitbull” (rs), mas na época ela era uma bandinha bem de garagem mesmo e a gente tocava o que toda banda de garagem toca. Fomos amadurecendo a ideia de fazer cover do Pearl Jam e facilitou pela voz do Leo e por a gente gostar também de tocar. Começamos em alguns lugares de Belo Horizonte em 2000, participamos de um festival que foi muito bom pra gente e acabou que a banda foi criando um nome no cenário de Belo Horizonte.

Leo – A gente tocava muita coisa: Black Sabbath, era uma mistureba do caramba. Só que Pearl Jam era a coisa que eu mais sabia fazer. Aí resolvemos dar ênfase ao Pearl Jam.

A escolha do nome

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Leo – É porque nós participamos de um concurso, que o Lucão inscreveu a gente naquela correria e eu lembro até hoje que ele estava na internet, naquele ICQ que ninguém mais usava: “Leo, eu preciso agora de um nome pra banda”. E eu não tinha a mínima ideia. Aí ele falou que ia colocar o nome de uma música do Black Sabbath. Eu disse que ficava ao critério dele e surgiu Snowblind.

Tem lugar que a gente toca, que muita gente entra e paga o ingresso achando que é Black Sabbath. Mas depois respeita, conversa com a gente.

O público
Leo
– Ontem mesmo eu fui em um aniversário de um amigo de Carol, minha namorada, e encontrei com dois caras que vão direto nos shows da Snowblind. São fiéis à banda, estão com a gente desde que começou. E é interessante porque o público do Pearl Jam, com a Snowblind em Belo Horizonte, é a mesma coisa: a galera vai em peso, a gente encontra as mesmas pessoas, vê as mesmas caras.

André – E foi uma coisa totalmente despretensiosa, a gente não sabia que ia dar essa dimensão de público.

Bernardo – Eu estou na banda há menos tempo e eu estava conversando com a minha irmã que o pessoal tinha me chamado para tocar em uma banda cover de Pearl Jam e ela perguntou como chamava. Aí liguei para o Aranha e perguntei como chamava e ele disse Snowblind. E ela: Snowblind? Você vai tocar na Snowblind? Nossa, essa banda é doida demais, entra logo, começa a tirar as músicas agora”. Pensei que era a banda mais famosa de todos os tempos, porque ela estava mais empolgada do que eu.

Lucas – Só que aí ele morreu na praia né? (rs)

A formação e os músicos
Breno – Eu fui o último a entrar na banda, tem uns três anos, mas saí e voltei há um ano e pouco.

Leo – O mais interessante da Snowblind é o seguinte: o direito de ir e vir é total. Sai um, entra outro, porque o nosso vínculo com pessoas igual o Breno, ou o próprio Diogo que é um outro guitarrista que tocou no Snowblind, é muito grande. Todos são pessoas que estão há muito tempo em convívio. Se, por exemplo, o Breno não pode vir até Viçosa por algum motivo dele, tem um outro guitarrista que tocou com Snowblind há muito tempo que vai substituí-lo com o maior prazer. A Snowblind na verdade não são cinco, são uns dez, porque muita gente que tocou ainda tem a liberdade de um dia novamente fazer um show com a Snowblind.

Lucas – Quando eu montei a banda, fiquei tocando uns quatro/cinco anos, saí da banda, toquei com outros caras e estou aqui de novo. E a gente preza muito essa amizade que durante os anos a gente vem fazendo com outros músicos e sempre poder contar também com o apoio de muita gente, de muita gente gostar, respeitar o som da banda e outros músicos até requisitados no mercado quererem tocar na Snowblind. É muito legal ser uma banda respeitada no cenário principalmente de BH, que é muito exigente e muito fechado também.

Pearl Jam por Snowblind
Leo – Pearl Jam não é muito fácil de tocar. A maioria das músicas são muito detalhadas, pra tirar perfeito é muito complicado e exige tempo de todo mundo, tanto meu vocal quanto a guitarra do Aranha, do Breno, a bateria do Lucão, o baixo do Bernardo. Mas a gente enfatiza o som do Pearl Jam na origem. Muita gente fala que é muito pesado, mas é que o Snowblind leva o som do Pearl Jam do início, entre 1990 e 1993.

Quem vai vir hoje aqui no Galpão vai escutar Jeremy, Alive, Black… é o percussor mesmo, são as primeiras músicas do Pearl Jam. E levamos o lado B também no meio do repertório, não são só os hits. Porque o que adianta uma banda ser cover de Pearl Jam se todo mundo toca as mesmas músicas?

Snowblind enfatiza o lançamento do Pearl Jam, totalmente lúdico, mas é o fim também. Levamos músicas do último CD, mas a gente enfatiza mesmo é o início, que é também o que a gente mais gosta e o que todo mundo quer escutar. Pessoal que vai a um show do Snowblind se a gente não tocar Alive, Black, Jeremy eles não deixam acabar o show.

Lucas – Na verdade, quem é muito fã de alguma banda, igual a gente é fã de Pearl Jam, às vezes preza mais o lado B. A gente gosta mais de tocar o lado B porque agente passa a perceber as músicas de uma outra forma que talvez a maioria das pessoas que não escutam tanto, não vejam.

Bernardo – Mas ao mesmo tempo chegar aqui e tocar o que todo mundo quer ouvir e ver a galera correndo para o palco para tocar junto dá aquela garra, aquela energia.

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Não era preciso ser fã do grupo Pearl Jam para perceber: de solos de guitarra e bateria ao timbre de voz e interpretações, o que se destaca no show de Snowblind é a perfeição técnica que os integrantes valorizam e, ao mesmo tempo, a espontaneidade e emoção que transparece em cada música.

A vitalidade que o grupo demonstrou no palco refletiu-se na animação do público: a troca de energia adiou o término do show por seis canções. Entre interpretações menos ou mais conhecidas, o coro de admiradores de Pearl Jam juntou-se à harmonia de acordes e, sob o grave tom do vocalista Leo, se transportou para uma noite em Seattle.

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Donaxica
Sob produção de Lara Monteiro, Camila Faria, Pedro Ezequiel e Rafael Vitarelli, o projeto Donaxica tem o objetivo de “trazer à cidade bandas de médio porte que façam referência a bandas conhecidas e já consagradas no cenário musical brasileiro e internacional”.

O show de Snowblind inaugura o Donaxica com o público de cerca de 450 pessoas, contando também com a atração UprojetU, de Viçosa, que tem se destacado no cenário musical da cidade.

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Agradecimentos especiais para os integrantes da banda Snowblind e para a produção do Projeto Donaxica.

Imagem de topo e fotos: Lara Marx.