Quarta-feira sai um pouco mais cedo da curso de ‘redação e criatividade’ e corri para o Studio Sp para tentar assistir ao show de Thiago Pethit, que está lançando o CD ‘Berlim, Texas’, no projeto ‘Cedo e Sentado’. Confesso que já tinha escutado as músicas do Thiago Pethit, mas que ainda não havia parado para apreciar, perceber as nuances, as influências, as surpresinhas.
O show atrasou uns 20 minutos do horário previsto, o que foi ótimo pois assim cheguei antes do início. Thiago subiu ao palco no melhor estilo realeza moderna, calças curtas, sapato social e camiseta folk, com cabelos agitados lembrando Beethoven. Abriu a noite com ‘Não se vá’, música que abre o disco. E eu ali, a dois metros do palco, prestando atenção a cada nota. Ele canta com muita clareza, suas palavras são bem articuladas e sua composição é bastante sentimental. A cada frase de ‘Não se vá’ eu lembrava de momentos que vivi e outros que ainda não. Impossível ouvir Pethit e não pensar em relacionamentos de forma delicada e profunda.
Me arrisco aqui a falar um pouco do que creio ser suas fontes inspiradoras. Estava lendo sobre sua influência do teatro, sobretudo do dramaturgo alemão Bertold Brecht. O nome do disco é também uma brincadeira com o filme ‘Paris, Texas’, de Win Wenders. A canção ‘Nightwalker’, com as palminhas, me lembrou ‘My love‘ do também excelente ‘The Bird and The Bee’. Algumas canções me trazem à memória o músico francês Yann Tiersen e a banda ‘Beirut’ que combina elementos do Leste Europeu com o Folk. Independente de qualquer comparação que eu faça devo admitir que Thiago Pethit é bastante autêntico e que talvez não haja músico brasileiro que desenvolva trabalho parecido com o dele. O disco foi produzido pelo Yuri Kalil, do Cidadão Instigado.
Entre uma música e outra Thiago definiu seu show como um voix de ville’ contemporâneo – uma espécie de sarau francês bastante popular antigamente. Segundo ele, para completar esse cenário não poderia faltar o que hoje seria a principal canção dos cabarets e interpretou ‘Bad Romance’ ao piano.
Thiago carinhosamente denominou sua banda como os ‘Petit Four’, rs, composta por Camila Lordy (piano e acordeon), Guga Machado (bateria e percussão), Ana Elisa Colomar (cello, flauta transversal e clarinete) e Pedro Penna (violão e ukulele). Se eu não estou enganado, Guga Machado não participou do show no Studio SP, mas infelizmente eu não tenho o nome da artistas que o estava substituindo.
Após fechar o ciclo de canções com ‘Don’t go away’, versão em inglês da canção que abriu a noite, Pethit e sua banda se despediram, mas logo voltaram ao palco para o bis, com a canção ‘Mapa-Mundi’, acompanhada em coro pelo público.
Quem quiser saber mais sobre o trabalho de Thiago Pethit pode acessar seu site e o blog ‘don’t touch my moleskine‘, onde há uma entrevista bem bacana. Para quem estiver em São Paulo, o terceiro e último show dessa temporada no Studio SP acontece nesta quarta-feira, dia 21, a partir das 21h. O ‘cedo e sentado’, projeto no qual o Thiago escolheu para lançar seu disco, é de graça. Aqueles que quiserem permanecer no Studio Sp após o show poderão curtir a apresentação de Thalma de Freitas, e será cobrado R$ 20 reais de entrada (R$ 10 com o nome na lista).
**a foto publicada neste post foi gentilmente cedida por Ariel Martini (@bortao | Flickr)
Rafael Munduruca (@munduruca)
Rafael Munduruca é jornalista e produtor cultural. Um nômade fixado em São Paulo, que ensaia um blog no qual gosta de experimentar coisas novas e outras nem tão novas assim.
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Imagem de topo: Lara Marx sobre foto de Ariel Martini